Nesta quarta-feira (29), o Ministério da Saúde divulgou uma nova atualização da lista de doenças relacionadas ao trabalho. A atualização publicada na portaria do “Diário Oficial da União” inclui 165 novas patologias que, segundo o governo, a “quantidade de códigos de diagnósticos passa de 182 para 347”.
O burnout, conhecido como esgotamento profissional, foi uma das doenças que está presente na nova lista. O órgão público defende que essa condição pode acontecer por fatores psicossociais relacionados à gestão organizacional, ao conteúdo das tarefas do trabalho e a condições do ambiente corporativo.
Uma novidade que acompanha a nova lista, foi a ampliação de transtornos mentais. Na última lista original, publicada há 24 anos, já constavam problemas como abuso de álcool e estresse grave por conta de circunstâncias referentes ao trabalho.
Uma das colaboradoras da nova lista, que fez parte da coordenação técnica responsável pela publicação foi a médica Márcia Bandini, professora da Área de Saúde do Trabalhador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A profissional explica que a nova lista recupera uma lacuna de mais de 20 anos em que a ciência avançou e o próprio trabalho sofreu diversas modificações.
“A lista incorporou doenças que não existiam e trouxe doenças que já existiam, mas cuja relação com o trabalho ainda não estava bem estabelecida, como alguns cânceres”, destaca Márcia Bandini.
Uma publicação mais recente, inclui comportamentos como uso de sedativos, canabinóides, cocaína e abuso de cafeína como transtornos que podem ser consequência de jornadas exaustivas, assédio moral no trabalho, além de dificuldades relacionadas à organização empresarial.
Além disso, outros transtornos como ansiedade, depressão e tentativa de suicídio foram adicionados como patologias que podem ser decorrentes do estresse psicológico vivido do trabalho. Na publicação de 1999, os episódios depressivos eram associados somente ao contato com substâncias tóxicas como mercúrio e manganês.
Na nova atualização, o Ministério da Saúde também adicionou o Covid-19. A doença pode ser uma patologia associada ao trabalho caso o vírus tenha sido contraído no ambiente corporativo. “A nova lista atenderá toda a população trabalhadora, independentemente de ser urbana ou rural, ou da forma de inserção no mercado de trabalho, seja formal ou informal”, afirmou o órgão em nota.
Fonte: Meio Norte