Nas primeiras duas semanas de 2024, o número de casos de dengue mais do que dobrou em comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Durante esse período, o país registrou 55.859 casos prováveis de dengue, resultando em seis óbitos devido a complicações da doença. A incidência de casos neste ano é de 27,5 por 100 mil habitantes.
No mesmo intervalo de tempo em 2023, foram registrados 26.801 casos, com 17 mortes. Esse aumento ocorre em meio à notícia de que o número de doses da vacina contra a dengue só será suficiente para imunizar até 3 milhões de pessoas em 2024, conforme anunciado pelo governo. O Brasil é o primeiro país a oferecer essa vacina na rede pública, mas enfrenta desafios devido à escassez de doses.
A dengue, considerada a arbovirose urbana mais prevalente nas Américas, é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. O cenário para 2024 é considerado “extremamente preocupante” pela infectologista Luana Araújo, devido às condições climáticas favoráveis à proliferação do mosquito, impulsionadas pelo El Niño, que traz calor intenso e chuvas.
O alerta recai sobre a importância do combate ao mosquito, sendo a água parada o principal foco, uma vez que os ovos do mosquito podem sobreviver por até um ano no ambiente. A infectologista enfatiza a responsabilidade individual na prevenção, destacando a necessidade de cuidar do ambiente doméstico para reduzir os criadouros do mosquito.
“É muito importante que as pessoas cuidem de suas casas, aquilo que a gente sempre falou a vida inteira: pratinho de planta, garrafa retornável que está coletando água e não tem um escoamento, bandeja de degelo de geladeira, fonte em quintal, fontes ornamentais, depósitos, coisas ao ar livre, tudo isso pode coletar água. É de responsabilidade da gente, enquanto cidadão, cuidar de casa para diminuir isso”, afirma.
O Rio de Janeiro enfrenta um surto de dengue, com mais de 4 mil casos registrados em 13 dias, representando um aumento de 669% em comparação com o mesmo período de 2023. Em dezembro do ano passado, o Ministério da Saúde anunciou a incorporação da vacina Qdenga ao Sistema Único de Saúde (SUS), com a imunização prevista para começar em fevereiro deste ano.
A vacina Qdenga, desenvolvida pelo laboratório japonês Takeda Pharma, poderia fornecer cerca de 5 milhões de doses de fevereiro a novembro, com a possibilidade de chegar a 6 milhões por meio de doações. Além disso, foram distribuídos testes e inseticidas para combater as larvas e mosquitos adultos, e o ministério alocou recursos para fortalecer a vigilância e o combate a endemias, com foco nas arboviroses. Medidas adicionais incluem a criação de uma Sala Nacional de Arboviroses e a capacitação de profissionais de saúde.
Fonte: Meio Norte