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BRASIL

Denúncia contra Bolsonaro ao STF esquenta movimentações para 2026

JairBolsonaro/Foto:Reprodução
JairBolsonaro/Foto:Reprodução

A apresentação de denúncia pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 33 pessoas põe fim à espera por mais um capítulo no caso da suposta trama golpista após as eleições de 2022. A denúncia de Paulo Gonet, que pode tornar o ex-presidente réu, é mais um passo na disputa judicial, mas tem repercussões no jogo político, que já traça cenários para 2026.

(Foto: Breno Esaki/Metrópoles)

Uma eventual condenação transitada em julgado, ou seja, quando não resta possibilidade de recurso, complicaria ainda a situação de Bolsonaro e poderia impossibilitá-lo de retornar à Presidência por mais alguns anos. Mas o passo da denúncia já é suficiente para inflamar a política brasileira.

Passo a passo após denúncia da PGR

  • A denúncia é apresentada pela PGR no âmbito da investigação relatada pelo ministro;
  • O relator abre o prazo de 15 dias para os advogados dos denunciados apresentarem defesa prévia e eventuais contestações;
  • Se houver contestações a trechos da denúncia, o relator abre vista à PGR para que o órgão responda aos questionamentos;
  • A PGR tem o prazo de 5 dias para responder às contestações;
  • A denúncia volta ao STF, e o relator avalia a acusação e os argumentos da defesa – não há prazo para esta análise;
  • ⁠Quando o caso está apto a julgamento, o relator libera a denúncia para análise da Primeira Turma, que vai julgar o caso e decidir se transforma os denunciados em réus ou não;
  • Se a denúncia for aceita, é aberta ação penal e começa a fase de contraditório, coleta de provas e de depoimentos de testemunhas de defesa e acusação.

Em cenário de condenação e eventual prisão, o ex-presidente teria os direitos políticos suspensos durante o cumprimento da pena, permanecendo sem poder concorrer. Vale destacar que Bolsonaro já está inelegível até 2030 em decorrência de condenações pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

É nesse panorama que aliados de Bolsonaro articulam para aprovar no Congresso Nacional anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro e maturam a ideia de alterar a Lei da Ficha Limpa. Ao mesmo tempo, porém, parte da direita já projeta cenários sem o ex-presidente nas urnas, em 2026.

Horas antes da apresentação da denúncia, Bolsonaro se reuniu com parlamentares aliados em um almoço. Na saída, o ex-presidente destacou que tem tratado nos bastidores sobre a aprovação das matérias e reafirmou sua vontade de concorrer à Presidência novamente.

Em meio a essa indefinição quanto ao futuro político de Bolsonaro, nomes despontam na direita, como os dos governadores Tarcísio Freitas (Republicanos), de São Paulo; Ronaldo Caiado (União-GO), de Goiás; e Ratinho Júnior (PSD), do Paraná.

Nesse caldo, também ganham tração os “outsiders” Pablo Marçal (PRTB) e Gusttavo Lima.

Ainda que se articule uma saída para Bolsonaro continuar na disputa eleitoral, alguns aliados gostariam de ver o ex-chefe do Planalto mais como um cabo eleitoral do que um como um candidato viável. Alguns não admitem em público, porém.

O ex-presidente, quando admite a possibilidade de não poder concorrer, costuma se comprometer mais com nomes da própria família, como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ou a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Denúncia da PGR

A PGR enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF), na noite dessa terça-feira (18/2), denúncia contra Bolsonaro pelos crimes de liderança de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. Ainda é imputado ao ex-presidente o crime de dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, considerou que o ex-presidente da República seria o líder de organização criminosa que atuou para planejar golpe de Estado que o manteria no poder mesmo após derrota para Lula (PT) nas eleições de 2022.

“A organização tinha por líderes o próprio Presidente da República e o seu candidato a vice-presidente, o general Braga Netto. Ambos aceitaram, estimularam, e realizaram atos tipificados na legislação penal de atentado contra o bem jurídico da existência e independência dos poderes e do Estado de Direito democrático”, disse Gonet na denúncia.

A manifestação de Paulo Gonet trabalha em cima das provas colhidas pela Polícia Federal e apresentadas em relatório de mais de 800 páginas. O material da autoridade policial, remetido ao STF em novembro do ano passado, continha 40 nomes. Uma vez que a manifestação do PGR não tratou de todos eles, novos desdobramentos são aguardados.

Outro lado

Após a apresentação da denúncia, a defesa de Bolsonaro emitiu nota em que afirma receber com “estarrecimento e indignação a denúncia da Procuradoria-Geral da República, divulgada hoje pela mídia, por uma suposta participação num alegado golpe de Estado”.

“O Presidente jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam”, frisa a manifestação.

A defesa do ex-presidente ainda destaca que confia na Justiça e, portanto, “acredita que essa denúncia não prevalecerá por sua precariedade, incoerência e ausência de fatos verídicos que a sustentem perante o Judiciário”.

Fonte: Metrópoles

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