O anúncio da taxação de 50% sobre produtos brasileiros feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nessa quinta-feira (9), foi recebido com preocupação por diferentes associações produtivas do Brasil. Entre os principais pontos levantados, está a expectativa de uma resolução baseada no diálogo e apreensão quanto à geração de empregos e trocas comerciais.
Indústria
Em comunicado assinado pelo presidente Ricardo Alban, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirma não existir nenhum fator econômico que justifique a ação tomada pelo chefe de Estado norte-americano.
“Os impactos dessas tarifas podem ser graves para a nossa indústria, que é muito interligada ao sistema produtivo americano. Uma quebra nessa relação traria muitos prejuízos à nossa economia. Por isso, para o setor produtivo, o mais importante agora é intensificar as negociações e o diálogo para reverter essa decisão”, diz o texto.
A CNI também pede a intensificação das negociações entre os dois países, na esperança de chegar em um acordo diplomático. “É por meio da cooperação que construiremos uma relação comercial mais equilibrada, complementar e benéfica entre o Brasil e os Estados Unidos”, acrescenta.
Por fim, a entidade sustentou que as exportações brasileiras para os EUA têm grande relevância para a economia nacional. Em 2024, a cada R$ 1 bilhão exportado ao mercado americano foram criados 24,3 mil empregos, R$ 531,8 milhões em massa salarial e R$ 3,2 bilhões em produção no Brasil, segundo os cálculos da CNI.
Comércio nacional
No setor comercial, a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) projeta que a medida pode causar “impactos severos” sobre empregos, investimentos e cadeias produtivas integradas entre os dois países.
“Reiteramos a importância de uma solução negociada, fundamentada na racionalidade, previsibilidade e estabilidade, que preserve os vínculos econômicos e promova uma prosperidade compartilhada”, escreve a Amcham em nota à imprensa.
Comércio exterior
Para a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) a informação do aumento das tarifas de importação não se trata de uma medida econômica, mas política com impacto econômico de grande lastro. “É certamente uma das maiores taxações a que um País já foi submetido na história do comércio internacional, só aplicada aos piores inimigos, o que nunca foi o caso do Brasil”, afirma José Augusto de Castro, presidente-executivo da entidade.
“Além das dificuldades de comércio com os Estados Unidos, o anúncio da Casa Branca pode criar uma imagem negativa do Brasil e gerar medo em importadores de outros países de fechar negócios com as nossas empresas, afinal, quem vai querer se indispor com o presidente Trump?”, acrescenta.
Apesar de temer uma possível ameaça a exportação brasileira, o presidente diz acreditar que o bom senso prevalecerá e a taxação será revertida.
Agropecuária
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) pediu “cautela” ao governo brasileiro mediante a decisão norte-americana e diz que ela representa “um alerta ao equilíbrio das relações comerciais e políticas entre os dois países”.
A medida dos EUA, conforme a FPA, terá “impactos no câmbio, no consequente aumento do custo de insumos importados e na competitividade das exportações brasileiras. Diante desse cenário, a FPA defende uma resposta firme e estratégica: é momento de cautela, diplomacia afiada e presença ativa do Brasil na mesa de negociações”, defendeu a organização, em nota divulgada à imprensa.
Carnes
O aumento da tarifa norte-americana também causou temores no setor de carnes. Para a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), a medida pode inviabilizar o comércio do produto para os Estados Unidos.
“A Abiec reforça a importância de que questões geopolíticas não se transformem em barreiras ao abastecimento global e à garantia da segurança alimentar, especialmente em um cenário que exige cooperação e estabilidade entre os países”, destacou.
Café
Preocupado com as consequências da decisão de Trump, o diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos, destaca que o Brasil detém cerca de 30% da participação de mercado nos EUA. Segundo cálculos da entidade, para cada dólar de café importado pelos norte-americanos, o País gera US$ 43 para a economia interna.
“Tudo que impacta o consumo é prejudicial ao fluxo comercial, à indústria e ao desenvolvimento dos países, produtores e consumidores. Portanto, estamos esperançosos de que se estabeleça uma condição mais apropriada e adequada para o comércio de café entre Brasil e Estados Unidos”, afirma Matos, por meio de comunicado à CNN.
Fonte: Agência Brasil | Estadão Conteúdo