O governo federal lança, nesta 3ª feira (19.dez) o aplicativo (app) Celular Seguro, com objetivo de inutilizar de forma mais rápida smartphones roubados. O projeto é do Ministério da Justiça e Segurança Pública e foi anunciado pelo secretário-executivo da pasta, Ricardo Cappelli. A plataforma estará disponível para download nas lojas digitais logo após o lançamento.
Nos últimos anos, os crimes de subtração de celulares se tornaram uma epidemia no país. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado este ano, em 2022 foram registrados 508.3 mil roubos e 490,8 mil furtos de celulares, quase 1 milhão de ocorrências. Em comparação com 2021, houve um aumento de 16,6%.
A solicitação do bloqueio poderá ser feita por outro smartphone ou computador previamente cadastrados. Ao anunciar o programa pela rede social X, neste fim de semana, Cappelli afirmou que a funcionalidade transformará celulares roubados em um “pedaço de metal”.
“Vamos lançar na próxima terça-feira uma iniciativa que transformará os celulares roubados num pedaço de metal inútil. Com apenas um clique, a vítima enviará um aviso simultaneamente para a ANATEL, para os bancos, para as operadoras de telefonia e para os demais aplicativos”, disse Cappelli em uma publicação no “X”.
Segundo o professor de direito digital no MBA da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Luiz Augusto D’Urso, a plataforma tem potencial para trazer mais segurança aos dados do cidadão que venha a ser roubado, principalmente da conta bancária.
“Vivemos um momento muito delicado com o aumento da criminalidade focada no roubo de celulares com a solicitação e exigência das senhas. Os criminosos perceberam que o acesso do celular roubado é precioso, dá para usar dados pessoais, e-mails, mensagens, fotos e dados bancários. Infelizmente, por padrão de fábrica, se o criminoso tiver acesso à senha de desbloqueio do aparelho, muitas vezes, ele consegue até alterar o acesso facial ou da digital, tendo acesso quase que completo ao aparelho”, disse o especialista em cibersegurança.
Por outro lado, o professor D’Urso avalia que para os objetivos da plataforma serem atingidos, ela deve ter um layout intuitivo e de fácil uso.
“O anúncio (do Celular Seguro) é importante, mas a primeira coisa é que se ele será de fácil utilização, se tem um modelo de uso amigável para se tornar popular. Porque para que a pessoa possa bloquear o aparelho precisa de uma atuação preventiva, porque ela deve solicitar esse bloqueio por um aparelho autorizado previamente”.
O professor alertou ainda que roubos e furtos de celulares vão continuar acontecendo mesmo com um eventual sucesso do aplicativo e cabe às de segurança pública atuarem de forma eficiente para reduzir os números dos crimes.
Atualmente, é possível realizar bloqueios através dos sistemas operacionais Android ou iOS, além de bloquear o IMEI do telefone celular por boletim de ocorrência. Ricardo Cappelli afirmou que essas medidas tendem a demorar para serem colocadas em prática, deixando as vítimas mais vulneráveis a golpes financeiros e roubos de dados.
Outro fator que atrasa o bloqueio de aparelhos pelos meios existentes hoje, ocorre pela verificação de dois fatores para acessar uma série de contas virtuais, como e-mails e contas bancárias. Sem o telefone celular em mãos, algumas pessoas têm dificuldade ou até não conseguem acessar seus e-mails e demais contas digitais para bloquear o smartphone. Essa situação não era um problema com o Celular Seguro.
Fonte: Cidade Verde